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A liberdade é um tema tão valioso, quanto negligenciado na sociedade moderna. Queremos ser livres e valorizamos a nossa liberdade, enquanto somos aliciados por discursos preconceituosos, racistas e xenófobos, que pregam o limite e o cercear da liberdade do outro.
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Este “outro” é visto como um inimigo, seja por vir de outro país, ter outro tom de pele, acreditar outras crenças ou seguir outro modo de vida, é alguém o qual não nos identificamos e vemos como um estranho.
No entanto, a história nos mostra que a limitação do outro, seja ele qual for, é o primeiro passo para a limitação de todos, é uma questão de tempo para que o “outro” se torne “nós” e aos poucos toda a sociedade é privada da liberdade, calada e oprimida.
A limitação da liberdade também faz parte da história de Portugal que, por mais de 40 anos, viveu sob as mãos duras de um governo ditador, que aos poucos limitou a vida do seu povo, controlando de conversas a livros, músicas e hábitos, com o objetivo de mantê-lo controlado e submisso.
No entanto, mesmo com este passado sombrio, como é possível assistirmos discursos de ódio e preconceituosos serem tão sedutores em um país ainda com cicatrizes profundas, resultado da opressão, censura e prisões?
Neste contexto, o título “Liberdade por um fio” foi escolhido por ser capaz de remeter a dois conceitos centrais neste projeto:
A Literatura de Cordel, uma forma de democratizar conhecimento através de imagens e textos simples, disponíveis presos a cordéis. As mensagens são escritas em sextilhas, versos compostos por seis frases, que rimam nas 2ª, 4ª e 6ª linha.
A ideia de a liberdade estar constantemente por um fio, uma vez que é frequentemente atacada a cada discurso de ódio ou tentativa de criação da ideia de um inimigo a ser contido dentro da nossa sociedade
O objetivo é confrontar o público com algumas das restrições do governo ditador em Portugal, enquanto é levado a refletir sobre a fragilidade da liberdade e a necessidade de mantê-la viva para todos nós.
Não precisamos chegar a assistir o tempo em que “nós” como sociedade nos tornamos o “outro” para o sistema, para que possamos nos levantar para lutar para sermos livres, esta é uma luta diária!
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